Na verdade, o raio é uma descarga elétrica resultante da atração entre cargas positivas, existentes no solo, e negativas, acumuladas nas nuvens. Essa força produz um grande aquecimento do ar que, por sua vez, resulta em dois fenômenos concomitantes. Um deles é uma grande luminosidade e o outro é o trovão, uma onda sonora gerada pelo deslocamento de ar muito quente.
Como a velocidade da luz (300.000.000 m/s) é muito maior do que a velocidade do som no ar (343 m/s), a imagem do raio chega bem antes aos nossos olhos do que o estrondo, aos nossos ouvidos. O trovão pode atingir o nível sonoro de até 120 dB, equivalente a uma turbina de avião; e a corrente elétrica é, em geral, da ordem de 30.000 A(equivalente a 60 mil lâmpadas de 50 W ou 30 mil lâmpadas de 100 W), mas pode chegar a 200.000 A ou até 300.000 A (equivalente a 200 ou 300 mil lâmpadas de 100 W). O “A” é a abreviação de Ampère, a unidade usada para medir a intensidade de correntes elétricas.
O processo de formação das nuvens, a partir da condensação do vapor de água na atmosfera, junta partículas de gelo, água e granizo, que podem colidir entre si, gerando a eletrificação no interior das nuvens. Em geral, cargas positivas se acumulam na parte superior das nuvens e cargas negativas na sua parte inferior, propiciando descargas elétricas no seu interior.
Essas pequenas descargas induzem cargas opostas no solo e, então, vêm os raios que chegam a tocar o chão, e podem ser descendentes (da nuvem para o chão) ou ascendentes (do chão para a nuvem). O leitor mais interessado pode encontrar explicações detalhadas sobre esse processo neste link e algumas curiosidades aqui e aqui.
Cargas elétricas positivas e negativas se atraem, e buscam percorrer o menor caminho possível para se tocar. Um dos efeitos conhecidos do eletromagnetismo clássico é o “poder das pontas”, que diz que o campo elétrico torna-se mais intenso na vizinhança de uma ponta e, portanto, tende a concentrar as cargas nas regiões mais pontiagudas de um condutor [1].
Justamente por causa desse efeito, sempre que houver alguma ponta num ambiente um pouco mais plano, esse será o caminho escolhido pelas cargas para se juntarem. É comum que raios atinjam árvores, por exemplo. O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, recebe cerca de 6 raios por ano . Agora, imaginemos um jogador num campo de futebol ou um turista numa praia durante uma tempestade. Nosso corpo é basicamente água e sal e, portanto, um bom condutor elétrico. Conclusão óbvia: somos o caminho ideal para a passagem da descarga elétrica.
Também por essa razão, os para-raios são instalados em prédios altos, para que favoreçam ainda mais a passagem da descarga elétrica pela ponta e assim, asseguram, por meio de um aterramento eficiente, que ela escorra diretamente para a terra e não afete pessoas e instalações elétricas que se encontram próximas.
Portanto, nunca, jamais, em hipótese alguma, teste a sua sorte passeando ou ainda pior, nadando, numa praia durante uma tempestade. Também não se esconda da chuva embaixo de árvores, pontos de ônibus, tendas ou guarda-sóis.
E não jogue futebol na hora da chuva. Não contribua com a estatística de mortes por raios.
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